22.5.10

Eu estou bem em uma fase "Encontros e Despedidas"

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

16.5.10

Texto muito sensível, que recebi de uma amiga... republico aqui, sem comentá-lo.

"Fui amada liquidamente. Quem já não foi? Mas eu não sou de amores líquidos. Não sou simplesmente uma “colecionadora” de experiências, pois amadureço meus sentimentos e planos, apesar de conseguir separar tudo isso de vivências frívolas que eventualmente preenchem meu tempo. Sou de amores quase eternos, que muitas vezes se convertem da paixão à amizade ou do ódio à compaixão. Só não consigo sentir nada - sempre me posiciono em relação às pessoas com quem convivo. Me ame ou me odeie, mas não me ignore.

Hoje ouvi que a geração dos anos 80 em diante sofre desse mal: dos amores líquidos. Eu diria que isso começou em 1979, mas soaria uma perseguição pessoal com este ano (e de fato é). Mas decidi experimentar a carapuça e aprofundar minha opinião sobre este assunto. E quando procurei no Google do que se tratava a “Geração Y”, também mencionada no evento do qual participei, encontrei a seguinte definição:

“A Geração Y, também referida como Geração Millennials ou Geração da
Internet
é um conceito em Sociologia que se refere, segundo alguns autores, à coorte dos nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela Geração Z. Esta geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os seus pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, encheram-os de presentes, atenções e atividades, fomentando a sua auto-estima. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Acostumados a conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo. Enquanto grupo crescente, tem se tornado o público-alvo do consumo de novos serviços e na difusão de novas tecnologias. As empresas desses segmentos visam atender esta nova geração de consumidores que se constitui um público exigente e ávido por inovações. Preocupados com o meio ambiente e causas sociais, essa nova geração tem um ponto de vista diferente das gerações anteriores que viveram épocas de guerras e desemprego, com o mundo praticamente estável e mais comodo a liberdade de expressão, esses jovens conseguiram se preocupar com valores esquecidos como vida pessoal, bem-estar e enriquecimento pessoal.”
Como estes dois conceitos se ligam é algo que pode mudar sua percepção de si mesmo, para o bem ou para o mal. Afinal, até profissionalmente muitos vivem hoje “amores líquidos”. Caso se interessem pela polêmica envolvida, acessem: http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=123. O sociólogo polonês Zigmunt Bauman define esse "mal" que ronda as últimas gerações e uma “neura social” cujo fim não se pode prever. Citando um trecho da autora Gioconda Bordon, “a noção de liquidez, quando se refere às relações humanas, tem um sentido inverso ao empregado nas relações bancárias, a disponibilidade de recursos financeiros. A liquidez de quem tem uma conta polpuda no banco, acessível a partir de um comando eletrônico é capaz de tornar qualquer desejo uma realidade concreta. É um atributo potencializador. O amor líquido, ao contrário, é a sensação de bolsos vazios.” Essa liquidez, decorrente de um contexto social e tecnológico que revolucionou nossos relacionamentos, também invadiu nossas escolhas profissionais nos últimos anos. Entretanto, descobri que realmente sou fiel e que não perdi a coragem de recuar, pois voltei ao emprego com o qual eu realmente me identificava e onde ainda estou.

Amar liquidamente pode ser apenas mais um modelo de solidão imposto pelos nossos tempos modernos. Entretanto, volto aos questionamentos que cada um precisa responder para saber qual é a melhor estratégia de vida no seu caso: Antes só do que mal acompanhado? Não se prenda a uma empresa que não se prende a você? Arriscar pode trazer uma opção melhor? É melhor um “contentar-se descontente”? A única resposta plausível é que não existe fórmula mágica.

Você pode aprender a amar liquidamente para se decepcionar menos com as pessoas, especialmente enquanto ainda estiver dolorido. Você pode amar liquidamente para se arriscar profissionalmente, caso ainda não tenha se encontrado no mercado de trabalho. Entretanto, você não pode amar liquidamente sua família, seus amigos, seus planos de vida. Não se perca na tentação de viver em círculos vazios que não te trazem pressão, pois a qualquer momento, você vai precisar de um porto seguro.

Eu sei que meus amigos vão esbravejar por mais uma postagem gigantesca, mas não resisto aos links possíveis a este tema. O livro “Amores Risíveis”, uma das obras de Milan Kundera. Lembro-me deste livro na estante da casa da minha mãe, empoeirado e proibido para a minha cabeça ainda infantil. Quando consultamos a simbologia desta obra, encontramos uma definição que consolida esse tema: “O risível é a necessidade humana pela farsa, pela simulação, pela representação teatral e a incapacidade de experimentar sentimentos verdadeiros. Através da incapacidade de comunhão dos personagens, Kundera parece querer desvelar para o leitor a absoluta falta de sentido da vida sob essas condições. É a velha temática da solidão humana, sua impossibilidade de transposição dos limites da subjetividade.”

Não sou de amores líquidos. Acredito nas relações humanas, apesar de compreender claramente as possíveis falhas às quais todos estamos sujeitos. Não acredito em pessoas perfeitas, em sentimentos sempre infalíveis, mas ainda assim tenho absoluta certeza de que não somos nada sem o próximo. O próximo nos define emocionalmente, territorialmente e especialmente como “gente de carne e osso”. Afinal, nossos sentimentos são respostas, reflexos ou impulsos que adotamos diante daquilo que o próximo causa em nossos nervos, neurônios e corações. Doar-se (sem perder a singularidade) quando valer a pena é um ato de coragem, uma escolha com riscos, mas ainda é a melhor forma de encontrar-se no seu destino."

(Depois da enxaqueca, a insônia...)
Ana Carolina Prado

5.5.10

O lado B(log) de cada um

Eu estava outro dia em uma banca de mestrado com uma colega de muito tempo, doutora pela FALE da UFMG. Surgiu o papo dos "lados B" dos professores. Ela contou que um aluno ficou bem surpreso quando descobriu que ela tinha escrito um livro de contos eróticos... rimos muito, e eu lembrei que uma vez uns alunos acharam uma foto minha meditando na Índia, e trouxeram para sala de aula. Em outra ocasião, fiz uma brincadeira com amigos no elevador de um hospital, e uma das moças que dividia a cabine conosco falou "- Não conhecia esse seu lado, professor Renato!" Que vergonha... :-)

Pois é. Por detrás das "personas" todos temos o nosso lado B. Dentre outras coisas que a gente se arrepende (ou não) de ter escrito ou exposto, são fotos em redes sociais, artigos e missivas, posts em blogs, etc. Será que temos que fazer deste lado "humano" sempre invisível? É fato que somos figuras quase "públicas", e depois de alguns anos de profissão centenas de alunos, senão milhares, já nos conheceram. Mas qual o limite da exclusão dos outros aspectos de nossas vidas?

Eu sempre achei que o médico, o psicanalista, o padre e o professor tinham algo em comum: são todos objetos de transferência, em termos psicanalíticos, e muitos não tomam cuidado e se inflacionam ao tomar este lugar. Por outro lado, não acredito em educação sem encontro, sem comunhão de subjetividades. O espaço do ensino e aprendizagem não pode ser anódino, pois assim não há construção de significado.

Então... que meus lados B, C e D sejam expostos para que a minha humanidade (falibilidade, limitações) sejam patentes. E que, ao sabermos-nos humanos, sejamos companheiros nesse processo de aprendizes-sujeitos, sempre inteiros.

Como disse Pessoa...

    Para ser grande, sê inteiro: nada
    Teu exagera ou exclui.
    Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
    No mínimo que fazes.
    Assim em cada lago a lua toda
    Brilha, porque alta vive.

    Ricardo Reis, 14-2-1933

3.5.10

Músicas e Memória

Como podem ser
certas músicas, cápsulas do tempo.
Me transportam por anos, décadas, distâncias a se perder...

Como se capturassem momentos
Nas entrelinhas de versos, vozes e letras
Tantas pessoas, rostos, sensações, pensamentos

Tenho apenas 100 gigabytes de música
E todo o sentimento do mundo...

24.4.10

Os Livros que Mudaram a Minha Vida

Estou fazendo a série no Twitter, com um livro por dia, de forma totalmente aleatória.
Vou consolidá-los aqui, no blog, na medida em que anunciá-los por lá.

Melhor romance já escrito em português, soberba obra de um escritor iluminado
Uma ficção lúcida que até hoje espanta pela realidade e visão.
Este livro quase me fez desistir de meu emprego na IBM e fazer mestrado na Engenharia Biomédica, para estudar a complexidade da mente humana.
Gabriel Garcia Marques me ensinou que por algumas mulheres vale a pena esperar a vida inteira...
Este livro foi um luz no meu caminho, e me trouxe muitas respostas àquilo que me vinha perguntando há décadas.
Este livro foi uma referência para as gerações anteriores à minha, mas também me serviu como uma iniciação ao meu caminho espiritual.
A poesia e espiritualidade da matemática e da física sempre me seduziram, e talvez tenham influenciado minhas escolhas profissionais.
Joseph Campbell fala de cada um de nós, ao dissecar a estrutura dos mitos e o caminho do herói em todas as culturas.
Como também disse Goethe, "Não há crime humano que eu seja incapaz de cometer". Camus recupera a questão das auto-indulgências, e nos leva, através da fábula, a uma viagem interior.
As diferentes concepções de amor podem coabitar um mesmo relacionamento? Ou: ainda há espaço para a entrega ao outro?
Tentando entender um pouco mais as mulheres, me deparei com esta obra de arte.
Lições de sensibilidade e vida. E algumas frases memoráveis.
Não é novidade o fato que Herman Hesse mexeu com a vida de muitas pessoas... com a famosa trilogia, que também contaria com "O Lobo da Estepe", e "O Jogo...", Hesse ajudou a delinear o caminho de busca espiritual de gerações.
Todos os contos do livro são maravilhosos, mas especialmente "A Terceira Margem do Rio", que eu acho que é a melhor peça de literatura que decanta a alma masculina e as relações dos filhos com os pais. Mas falar qualquer coisa é diminuir a obra...
No meu primeiro ano de engenharia fui apresentado a este texto... que, com certeza, contribuiu para temperar minha visão de mundo a despeito da formação acadêmica das exatas
Ken Wilber é, para mim, um dos grandes filósofos atualmente vivos... mas tenho certeza que seu valor só será reconhecido pela história. Está muito a frente de nosso tempo.
Li este livro três vezes, e a primeira vez com menos de 10 anos. Cada uma delas, um nível de interpretação, mas em todas elas, um experiência marcante.

15.4.10

Obra prima de Wagner, mas que ficou mais bem conhecida por causa do filme "Apocalipse Now"...

3.4.10

Metáforas musicais:
Cópia de um texto que coloquei em um forum de aprendizagem colaborativa.

"Essa discussão começou com uma música de Caetano, e eu me lembrei de dezenas de músicas que cito, em sala de aula, em brindadeiras com os alunos, de certa maneira ligadas à questão da organização e do tempo. Divido com vocês.

1- Em relação ao tempo e excesso de informação, sofremos da síndrome de Caetano quando diz "quem lê tanta notícia"
http://www.youtube.com/watch?v=hmK9GylXRh0

2- Em relação às coisas que evidententemente sabemos que não vamos conseguir realizar, e aos auto-enganos que nos fazem continuar acreditando, sofremos da Síndrome de Beto Guedes, quando diz "A lição sabemos de cor, só nos resta aprender"
http://www.youtube.com/watch?v=PrzlIQsyxWI

3- Em relação à nossa atitude, em redes sociais e com diversas tecnologias eletrônicas, onde esquecemos o propósito e o objetivo reais e perdemos muito tempo deslumbrados com o ambiente, sofremos a síndrome de Oswaldo Montenegro, quando diz "eu amava como amava o pescador, que se encanta mais com a rede que com o mar"
http://www.youtube.com/watch?v=UTsuABL6f8k

4- Em relação ao nosso espanto com a quantidade de registros e documentos para ler, e em como eles proliferam, sofremos a síndrome de Peninha, quando diz "Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo..."
http://www.youtube.com/watch?v=6ssTobZ-jG4
Mas quando algumas coisas realmente importam, a gente diz "quando a gente gosta, é claro que a gente cuida"
http://www.youtube.com/watch?v=JXkgWgOmwLc

5- Quando decidimos que não vamos mudar, que não estamos preparados para a quantidade de coisas a fazer, sofremos a síndrome de Dorival Caymmi, quando diz "Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim"
http://www.youtube.com/watch?v=emMRbyl9t8k

E por aí vai... tem Titãs, Raul Seixas, Cazuza...

Abraços,
Renato

19.3.10

Essa música é a cara de Minha filhotinha Anita!



What a dream I had
Pressed in organdy
Clothed in crinoline
Of smoky burgundy
Softer than the rain

I wandered empty streets down
Past the shop displays
I heard cathedral bells
Dripping down the alleyways
As I walked on

And when you ran to me, your
Cheeks flushed with the night
We walked on frosted fields
Of juniper and lamplight
I held your hand

And when I awoke
And felt you warm and near
I kissed your honey hair
With my grateful tears
Oh, I love you girl
Oh, I love you
Download:
FLVMP43GP

25.1.10

O que querem as mulheres?

Leila Lopes se suicida. Em carta aberta, deixa transparecer certa mágoa, e medo de envelhecer. Recém-histerectomizada, e um ano após participar de um filme pornô, numa reviravolta de sua carreira como atriz global, parece não ter aguentado o tranco da depressão, muito possivelmente potencializada pelo desbalanço hormonal da recente operação.

Fernanda Young posa para a Playboy. Cultuada como intelectual, modelo de mulher inteligente, se rende à revista masculina. Admite todos os motivos que levaram a fazê-lo, menos a vaidade. A edição encalha nas prateleiras. Pelo visto, intelectuais com sexualidade pusilânimes não mexem com o imaginário masculino.

Num tempo em que o ser, e mesmo o ter, cedem lugar ao parecer, falar de crise de personalidades e relacionamentos é quase lugar-comum. Mas o que se pode acrescentar, a partir destas facetas, sobre uma patente crise na feminilidade? Concedo que, sendo homem, talvez me falte alguma chave de compreensão: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Mas ao me aproximar deste universo feminino, real ou ficcional durante toda uma vida, tenho a impressão que as mulheres perderam os parâmetros daquilo que as traria felicidade. Amor, sexo, companheirismo, filhos, realização profissional, corpo perfeito?

O que querem as mulheres?? Respondam vocês!